Edital para financiar a implantação da internet das coisas na Indústria 4.0 foi lançado na quinta-feira (8) em evento na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) na capital paulista. Profissionais e executivos do setor conheceram as regras do edital que oferece R$ 15 milhões às indústrias interessadas em promover a inovação no país.
A internet das coisas é a interconexão entre aparelhos tanto físicas como virtuais, com base nas tecnologias de informação e comunicação. Na indústria 4.0, o objetivo não é apenas a conexão, mas também a criação do poder de processamento de dados e de inteligência. O dinheiro do edital será investido na infraestrutura de laboratórios, além da compra de equipamentos e softwares.
O recurso provêm de três entidades: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). “Estamos unindo esforços e recursos. Mais do que isso, colocando conhecimento para aumentar a produtividade da indústria. O Brasil não pode ficar de fora dessa nova onda da internet das coisas”, disse Cláudia Prates, diretora de empresas do BNDES.
A ideia do edital partiu de um estudo financiado pelo banco para a implantação dessa tecnologia no Brasil. O levantamento verificou o potencial aumento na produtividade, o que pode alavancar a lucratividade das indústrias. O impacto econômico estimado no país é de 50 a 200 bilhões de dólares por ano, valor que representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
Testbeds
O estudo do BNDES também apontou os benefícios da realização de testbeds (plataformas de experimentação), o ponto de partida para a internet das coisas. Essa tecnologia cria plataformas em ambientes controlados que reproduzem o cenário real de uma fábrica, com a vantagem de não paralisar a linha de produção.
José Luiz Gordon, diretor de planejamento e gestão da Embrapii, falou sobre a importância dos testbeds para experimentar diferentes necessidades e protocolos, já que cada empresa tem uma realidade distinta. Essas simulações já tiveram sucesso nos países com a indústria mais avançada. “É um marco importante para o setor empresarial. Não existe desenvolvimento de nenhum país sem uma indústria forte”, declarou.
Segmentos
Os segmentos prioritários da chamada são as indústrias automotiva, têxtil, mineradora e de óleo e gás. André Pierre Mattei, do Instituto do Senai de inovação em sistemas embarcados, disse que, apesar disso, todos os segmentos devem implantar a tecnologia, até mesmo para ser competitivo frente aos produtos importados.
“Temos encontrado dificuldade [na implantação da internet das coisas] devido ao custo de mão de obra baixo. Com os baixos salários, o empresário pensa: ‘para que ele vai automatizar?’ Mas eles perceberam que a China está chegando”, disse Pierre.
Pelo cronograma do edital, os interessados podem enviar suas propostas até 31 de janeiro do próximo ano. A lista com os aprovados vai ser divulgada em 1 o de março de 2019. O início da execução está marcado para 31 de março de 2019. O prazo final de utilização dos recursos para o desenvolvimento dos projetos é junho de 2022.
Tags: CNI, industria, INTERNET DAS COISAS, INVESTIMENTO