Golpe do Genro: Investigação da Polícia Civil goiana repercute na mídia nacional

27 de novembro de 2024 às 17:22

O trabalho da Polícia Civil de Goiás nas investigações sobre o golpe de aproximadamente R$ 30 milhões (em valores corrigidos) aplicado por um empresário contra a própria sogra repercute na imprensa nacional. O caso está com o delegado Alexandre Bruno Barros, da Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEAI) de Goiânia, que apura prática do crime de exploração financeira, previsto no Estatuto do Idoso. Ganhou destaque em veículos como CNN, G1, UOL, TV Record, O Popular e Mais Goiás. Além do inquérito policial, genro e sogra travam uma batalha no Judiciário em que ela apresenta extratos bancários comprovando transferências que somam R$ 12 milhões e cobra dele prestação de contas. A sogra obteve uma sentença favorável, mas a defesa do genro recorreu. Em nota à CNN, o advogado do empresário Arthur Lucena nega as acusações da sogra.

O delegado Alexandre Barros ainda não concedeu entrevistas, mas o Mais Goiás teve acesso ao inquérito, em seguida diversos outros veículos de imprensa repercutiram o caso. A CNN, veículo de imprensa americano que tem uma sucursal no Brasil, destacou que “o acusado utilizou a quantia roubada para realizar investimentos e construção de empresas”. A reportagem também destaca que a idosa, que também é empresária, procurou o genro em diversas oportunidades pedindo informações sobre a aplicação dos recursos, antes de investigar. Por fim, a CNN esclarece que na ação que tramita no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) constam apenas as transferências realizadas a partir das contas pessoa física da idosa, que somam R$ 12 milhões, das quais há comprovante de transação. “Já de transferências de contas jurídicas, seriam mais de R$ 20 milhões”.

A reportagem do G1 ouviu a sogra e traz comprovantes das transferências eletrônicas realizadas da sogra para o genro e destaca a confiança que ela tinha no marido da filha, que se aproveitou desse vínculo afetivo para lesá-la. “Acreditei mais nele do que nos meus próprios filhos. Ele sempre dava garantias, dizia que estava tudo bem. Assinei os contratos sem ler, coisa que nunca havia feito”, narra a matéria, a partir das declarações da vítima. “Agora, só me resta tentar reaver pelo menos parte disso judicialmente”. Em entrevista ao G1, o advogado Leonardo Jubé, que representa a idosa, disse que ela está arrasada, com problemas de saúde e depressiva.

No UOL/Rede TV a matéria relata que, “de acordo com Lacerda (o advogado Leonardo Jubé) , o genro sempre garantiu à mulher que os investimentos foram bem sucedidos. No entanto, em 2022, ela começou a suspeitar quando soube que ele havia perdido uma grande quantidade”. “Estimamos uma perda total na casa de R$ 30 milhões, dos quais pedimos prestação de contas de R$ 12 milhões em juízo”, explica Jubé.

A TV Record relata que a idosa realizou transferências para o genro no período entre 2018 e 2022, com a crença de que estava realizando investimentos financeiros. Depois de não ter retorno sobre os valores supostamente aplicados, ela passou a questionar os investimentos. Na época, de acordo com o advogado Leonardo Jubé, o genro se recusou a fornecer detalhes sobre o dinheiro e alegou ter sofrido perdas com criptomoedas, especialmente bitcoins. Diante das recusas, ela decidiu procurar a polícia e a Justiça.
O portal Mais Goiás deu ênfase para a investigação policial a respeito do golpe, a cargo do delegado Alexandre Bruno de Barros, da DEAI. Ao veículo, o advogado Leonardo Jubé relatou que o genro disse que não teria contas a prestar, por se tratar de uma relação familiar, o que levou a idosa a procurar a Justiça. A reportagem também conta que nas tentativas de rastrear o dinheiro, constatou-se que o empresário acusado atua irregularmente no mercado financeiro, sem cadastro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em uma atuação semelhante a pirâmide financeira.

Todos os envolvidos já foram ouvidos pelo delegado Alexandre Bruno, que conduz o inquérito policial. A Polícia Civil também realizou diligências, inclusive na casa da idosa, para reunir indícios da materialidade e da autoria dos delitos.

Defesa
Ao final da reportagem, a CNN publicou na íntegra uma nota assinada pelo advogado Carlos Márcio Rissi Macedo:
“A defesa de Arthur Lucena Ferreira da Silva manifesta repúdio à exposição midiática de fatos de natureza familiar que se encontram sob análise do Poder Judiciário, sob segredo de justiça.

O Sr. Arthur refuta, de forma categórica, as alegações divulgadas pela mãe de sua esposa, Anna Margarida Scodro Soubihe, que o acusa de ter se apropriado indevidamente de vultosa quantia em dinheiro.

Cabe esclarecer que, a pedido da mãe de sua esposa, Ana Margarida, foram, frise-se, em seu nome, realizados investimentos variados, sendo que a maior parte obteve êxito. Uma parcela menor, contudo, não alcançou o retorno esperado. A despeito de não possuir qualquer obrigação legal, o Sr. Arthur, visando preservar a boa convivência familiar, firmou acordo com a Sra. Ana Margarida em dezembro de 2022, efetuando o pagamento de valor superior ao originalmente investido. Esse acordo, que inclui cláusula de confidencialidade e é, maliciosa e sugestivamente, omitido pela referida senhora em sua versão dos fatos.

Ressalta-se que a autointitulada vítima é empresária de sucesso, com formação acadêmica e profissional que a habilitam plenamente a compreender os riscos e benefícios envolvidos nos investimentos que realizou.

Os reiterados insucessos em demandas cíveis ajuizadas por ela ao longo dos últimos dois anos levaram à construção de uma narrativa inverídica, apresentada às autoridades policiais e divulgada pela imprensa.

O Sr. Arthur Lucena Ferreira da Silva reitera sua confiança na Justiça brasileira e informa que medidas jurídicas já estão em curso para assegurar que a verdade prevaleça e que os responsáveis por acusações infundadas.”

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