Em 2024, números superaram 2016 e alcançaram o posto de pior número da série histórica desde 2005
Os pedidos de recuperação judicial atingiram um recorde histórico durante o ano de 2024, superando a marca alcançada em 2016. Este é o pior resultado da série histórica, iniciada em 2005. Embora a Serasa ainda não tenha divulgado a quantidade oficial, espera-se que os pedidos ultrapassem 2.200, cerca de 400 a mais que no recorde anterior.
O advogado especialista em recuperação judicial, Hanna Mtanios, explica que, pelo que tem acompanhado por parte dos empresários e membros do Poder Judiciário, a crise no setor ainda pode ser consequência dos impactos da pandemia de Covid-19. Segundo ele, “com a diminuição do crédito e o aumento dos juros, os empresários, sufocados e em dificuldades, formularam pedidos de recuperação judicial, solicitando prazos, abatimento da dívida e deságio para reorganizar as finanças”.
No entanto, o especialista alerta para o efeito em cascata desses pedidos. “Um empresário entra com o pedido e submete o credor aos efeitos da recuperação judicial. Esse credor, ao não receber o que lhe é devido, também pode acabar pedindo recuperação judicial”, explica.
A principal dificuldade enfrentada pelas empresas em recuperação judicial é conseguir novos financiamentos para alavancar seus negócios. O advogado instrui que “negociar com os credores, prazos e valores é o único caminho para evitar a recuperação judicial”.
Essa prática, conhecida como concordata branca, se bem conduzida, pode até ser considerada uma recuperação extrajudicial. “O termo mais conhecido fora do meio jurídico é renegociação. Trata-se de renegociar dívidas com os credores para manter a atividade produtiva, preservando os parceiros comerciais”, detalha.
Agilidade necessária
Com o alto número de pedidos de recuperação judicial, o advogado ressalta que o Poder Judiciário precisa ser ágil nos despachos e decisões relacionadas a esses processos. “Esses casos não podem esperar pela ordem cronológica para serem analisados, eles precisam de prioridade”, recomenda. Hanna também aconselha as empresas a não desistirem no meio do processo. Ele destaca que as recomendações para os empresários que enfrentam essa situação são: “Firmeza e persistência. Insista e invista no seu negócio, pois, em breve, sua empresa poderá sair da recuperação judicial”.