Em 2020, servidores que não tinham recorrido a essa modalidade de recursos o fizeram pela primeira vez e a tendência é de incremento
O empréstimo consignado foi uma das modalidades encontradas pelas famílias brasileiras para superarem os efeitos negativos da crise econômica desencadeada com a chegada da pandemia de Covid-19, no ano passado. Junto ao financiamento para pessoa física, o consignado registrou crescimento de 1,9%, entre o período de novembro de 2019 ao de 2020, segundo dados do Banco Central do Brasil, enquanto o volume de crédito para empresas e famílias cresceu 15,9%, o que representa R$ 6,6 trilhões, aproximadamente.
Em outra análise, levando em consideração as operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN), o crescimento para as pessoas físicas englobando o consignado, cartão de crédito à vista e financiamento de veículos alcançou o patamar de 10,7% nos mesmos 12 meses. A preferência pelo consignado se deveu a fatores como facilidade, rapidez e comodidade de poder amortizar o saldo devedor em parcelas descontadas na própria folha de pagamento do solicitante.
Saldo positivo
O diretor executivo da Neoconsig, empresa de tecnologia especializada em plataforma que traz facilidades em consignação, Fernando Kasprik, observa que o número de consignados registrou saldo positivo, mas que a previsão inicial era de uma demanda ainda maior. “Há de se ressaltar que tivemos um crescimento do desemprego, o que forçou os trabalhadores à informalidade. E isso os retira do rol de tomadores de crédito nesse mercado”, explica ele.
Por outro lado, segundo Fernando Kasprik, foi registrado nos convênios para empréstimo consignado que a Neoconsig administra um acréscimo de tomadores não habituais. “Servidores que ainda não haviam recorrido ao consignado o fizeram pela primeira vez.”
Um exemplo é o servidor público do governo de Goiás, Sebastião Pereira, que em setembro de 2020, com a ausência de trabalhos extras que costumava fazer, solicitou um empréstimo consignado, no valor de R$ 5 mil, com a finalidade de cobrir uma despesa que não estava em sua previsão orçamentária e exigia quitação imediata.
“Com a pandemia, tudo ficou mais difícil, o desemprego aumentou, o custo de vida elevou, eu já estava em crise e surgiu esse imprevisto. O consignado foi a solução que encontrei, a mais favorável”, explica ele.
Expectativa
Fernando Kasprik revela que a expectativa do setor de consignados para este ano, considerando que a pandemia não tem ainda uma data para acabar, é de crescimento. “Assim como inúmeros mercados. Depois da chegada das vacinas, teremos um retorno gradual das atividades econômicas, fazendo crescer o nível de emprego e, consequentemente, da demanda por operações de crédito e consumo de serviços financeiros.”
O diretor ressalta também que, para 2021, a Neoconsig, antiga Expressocard, espera um crescimento real na casa dos 20% no segmento de empréstimos consignados. “Ainda mais com a bancarização do sistema e a inclusão bancária da população, que presenciamos nesse período de pandemia.”
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