Para coordenador da Cruz Vermelha é fundamental ouvir as pessoas que vivem nas regiões afetadas e propor ajuda que seja de fato possível já que os rios desempenham o papel de estradas, e, quando secam aumenta a dificuldade para a entrega de doações e insumos, mesmo com esforço
Os coordenadores da Cruz Vermelha do Brasil participaram, na quinta-feira (22), de um encontro no município de Tefé, interior do Amazonas, com integrantes da sociedade civil organizada e moradores da região. A reunião, na sede do Instituto Mamirauá traçou planos de ação para eventos climáticos que estão impactando a Amazônia, como a seca que assolou a região no ano de 2023 e que hoje sabemos foi causada principalmente pelas mudanças climáticas.
Na equipe estavam os coordenadores nacionais de Meio Ambiente, Felipe Martins, de Povos Originários e Tradicionais, Kena Marubo, e de Gestão de Riscos e Desastres, Djair Soares. Felipe Martins, destacou que quando se trata do Amazonas dois pontos de vistas devem ser analisados. Sendo que a primeira é a necessidade de aprendizado, visto que a Amazônia apresenta um cenário radicalmente distinto do restante do Brasil, com uma logística peculiar.
“Uma das frentes consiste em ouvir os moradores e instituições que sentiram na pele os desafios da seca. Antes de tudo precisamos ouvir as pessoas que vivem nessas regiões afetadas e propor ajuda que seja de fato possível às necessidades locais. Os rios desempenham o papel de estradas, e, quando secam, enfrentamos a ausência dessas vias, o que dificulta consideravelmente a entrega de doações e insumos, mesmo com esforço”, destacou o coordenador nacional da Cruz Vermelha.
João Valsecchi é diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, que proporcionou a visita da equipe da Cruz Vermelha em Tefé e ressaltou que a reunião, em parceria com a Cruz Vermelha e outros parceiros-chaves, é um marco histórico na organização. Valsecchi avaliou que a ação conjunta pode minimizar o impacto dos eventos extremos sobre os moradores e a biodiversidade da região.
“O Instituto Mamirauá é sediado no interior do Amazonas, epicentro da drástica seca que atingiu a Amazônia no segundo semestre de 2023. Nem os nossos pesquisadores, e nem as comunidades ribeirinhas com quem trabalhamos em parceria em nossos projetos haviam testemunhado algo assim. É um momento histórico grave. Vimos a olho nu o efeito das mudanças climáticas”, destaca o diretor do instituto.
Participaram da reunião, coordenadores da Cruz Vermelha Brasileira, Instituto Mamirauá, coletivo Unidos pelo Médio Solimões, DSEI/Secretaria de Saúde Indígena, Secretaria Municipal de Saúde de Tefé, Idesam, Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, APAE, ISAS, Projeto Capacitar para Salvar, ITT, CONAFER e Instituto Xoke.
Entenda a situação em Tefé
Os impactos da última seca foram severos e comunidades rurais tiveram dificuldade de obter alimentos e água potável, ficaram isoladas e sofreram com diversas doenças, sem conseguir ter acesso a atendimento médico ou medicamentos. Queimadas se alastraram por extensas regiões, tendo grande impacto ambiental e deixando a qualidade do ar péssima. Inúmeros animais morreram em decorrência do evento climático, sendo a mortalidade de botos-vermelhos e tucuxis um dos casos mais alarmantes.
Devido às dificuldades logísticas da Amazônia, fez-se necessário começar a planejar estratégias para lidar com estas situações calamitosas com antecedência e com o maior número possível de instituições e parceiros.
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