Próximo à Semana do Meio Ambiente, que esse ano tem como foco “vida sustentável em harmonia com a natureza”, os títulos verdes, chamados de Créditos de Carbono estão em alta. Eles representam um mercado de créditos gerados com base na não emissão de gases de efeito estufa à atmosfera, podendo ser comercializados entre países e esse ano já teve seu primeiro leilão no Brasil.
O setor do agronegócio pode não apenas preservar as florestas como também reduzir o excesso de carbono na atmosfera, estocando nos solos cultivados. O mercado de carbono surgiu em 1997 no Japão por meio do protocolo de Kyoto, com o compromisso de reduzir as emissões de gases que agravam o efeito estufa, um dos motivos do aquecimento global no mundo.
O Podcast ConversaAgro abordou o tema com o convidado Guido Juliano, que é engenheiro agrônomo e diretor do Instituto Saga das Águas. Para o ambientalista, ainda se fazem necessárias políticas públicas voltadas para instruir produtores rurais no Brasil sobre a comercialização do carbono. “Existe uma relação direta entre aumento da produtividade e sequestro de carbono. Porém, faltam subsídios necessários que ajudem os produtores rurais. Os modelos matemáticos precisam de ajustes”, cita Guido.
Para Eduardo Assis, advogado especialista em direito do agronegócio e sócio do VFA Advocacia, a agricultura é um dos meios mais efetivos para o sequestro de carbono, uma vez que no processo de fotossíntese as árvores liberam oxigênio e retém o carbono na madeira.
Segundo Assis, a área rural produz serviços ambientais que são consumidos na cidade e nela os impactos ambientais produzidos pelos grandes centros urbanos são amenizados. “É dessa forma que o impacto das pegadas de indústrias, agriculturas, carros e casas são reduzidos”, complementa o advogado durante o podcast.
Um crédito de carbono representa a não emissão de uma tonelada de carbono na atmosfera. Por esse motivo, o desenvolvimento agrícola e preservação ambiental estão ligados de forma positiva. Esses créditos são emitidos pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e possui diversas formas de serem gerados, podendo ser na substituição de combustíveis fósseis por energias renováveis, campanhas de consumo consciente ou pela contribuição na diminuição do desmatamento.
Comercialização no Brasil
O mercado de carbono movimenta milhões em dinheiro durante o ano. As principais bolsas de créditos são a americana, Chicago Climate Exchange, e a europeia, European Union Emissions Trading Scheme.
No último dia 29 de abril ocorreu o primeiro leilão de crédito de carbono da Bolsa Verde Rio e duas empresas estrangeiras arremataram os lotes de crédito de carbono da Tembici, pagando um ágio de 21,4%.
Os dois lotes de 750 unidades de crédito de carbono foram arrematados pela StoneX, empresa americana que financia o agronegócio brasileiro há muitos anos e também atua no Renova Bio, e pela Climate Seed, uma empresa do banco francês BNP Paribas.
Assista ao episódio completo do podcast ConversaAgro sobre crédito de carbono.
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