Endocrinologista pediátrica alerta que o acompanhamento médico ajuda a evitar doenças futuras
Mais de um quarto das crianças e adolescentes brasileiros apresentam níveis elevados de colesterol. É o que aponta estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que analisou dados de 47 pesquisas com mais de 62 mil participantes. Dos jovens avaliados, 27,47% têm colesterol total acima do recomendado e cerca de 19,29% apresentam níveis elevados de LDL, o chamado “colesterol ruim”.
A dislipidemia (alteração nos níveis de gordura) na infância, muitas vezes silenciosa, tem se tornado cada vez mais comum, influenciada por fatores como alimentação inadequada, sedentarismo e questões genéticas. Estudo da National Survey on Health and Nutrition Examination (EUA) aponta que cerca de 32,8% das crianças entre 12 e 19 anos no Brasil possuem colesterol total elevado.
As Sociedades Brasileiras de Cardiologia e de Pediatria orientam que crianças com colesterol total acima de 170 mg/dL devem ser avaliadas para possíveis alterações lipídicas. Valores altos de LDL aumentam o risco de doenças cardiovasculares precoces, como aterosclerose.
Para a endocrinologista pediátrica Marília Barbosa, atenção e cuidado desde cedo fazem toda a diferença. “Observar a alimentação, incentivar atividades físicas e acompanhar o crescimento das crianças com carinho ajuda a prevenir problemas que poderiam se manifestar apenas na vida adulta. O cuidado começa dentro de casa, com hábitos simples que protegem a saúde das nossas crianças.”
O diálogo com os pequenos também é essencial. “Converse com seus filhos sobre escolhas saudáveis de forma leve. Ensinar a importância das frutas, verduras e da água como companheiras do corpo é mais eficaz do que impor regras rígidas”, reforça.
Pais e responsáveis podem colaborar de forma prática: incluir frutas, vegetais e fibras na alimentação, reduzir alimentos ultraprocessados e incentivar brincadeiras e exercícios físicos diariamente. Pequenos gestos no dia a dia podem fazer grande diferença na vida futura das crianças.
“Não se trata apenas de números no exame. O que vemos é o reflexo de hábitos que construímos em família. Cada gesto diário conta para a saúde futura das nossas crianças”, arremata a endocrinologista pediátrica.