Luma Silveira
Em meio a um cenário político ainda cercado por incertezas e especulações, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), saiu na frente e se tornou o primeiro a iniciar oficialmente sua corrida rumo ao Palácio do Planalto em 2026. A pré-candidatura foi lançada em um evento realizado em Salvador, na Bahia, no início de abril, reunindo lideranças políticas e reforçando sua disposição de disputar o maior cargo do Executivo brasileiro.
Com uma aprovação de 86% de sua gestão em Goiás, segundo pesquisa da Genial/Quaest divulgada recentemente, Caiado tem se consolidado como um nome forte no campo da direita democrática, especialmente após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Embora ainda reconheça a necessidade de ampliar sua visibilidade nacional, o governador goiano tem intensificado articulações e percorrido diferentes regiões do país, buscando ampliar seu alcance entre o eleitorado.
Após o anúncio de Caiado, o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), também se lançou pré-candidato à Presidência. Ele se torna o segundo nome a declarar oficialmente sua intenção de disputar o cargo, reforçando o movimento de lideranças regionais em busca de protagonismo nacional.
Enquanto outros nomes seguem apenas no campo das hipóteses ou são citados por terceiros – como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Eduardo Leite e Ratinho Júnior – Caiado e Manga são, até agora, os únicos a assumir publicamente suas pré-candidaturas. Os demais, em sua maioria, evitam declarações diretas, preferindo focar na gestão de seus estados ou aguardar o desdobramento do cenário político até 2026.
Ao se posicionar de forma clara e antecipada, Ronaldo Caiado não apenas rompe o silêncio entre os presidenciáveis, mas também dá o tom de uma pré-campanha que deve ganhar fôlego nos próximos meses. A largada está dada – e, por enquanto, ele ocupa a dianteira.
Leite é citado como presidenciável, mas ainda não confirma candidatura
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), foi recentemente citado como pré-candidato à Presidência da República em 2026 pelo presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo. O anúncio, feito em meio a entrevistas e articulações partidárias, coloca Leite entre os nomes da centro-direita cogitados para a sucessão presidencial. No entanto, o próprio governador ainda não confirmou oficialmente sua disposição de entrar na disputa.
A movimentação chama atenção por partir justamente de Marconi Perillo, adversário histórico de Ronaldo Caiado em Goiás, que atualmente lidera as movimentações rumo ao Planalto. A indicação pode ser interpretada como uma tentativa estratégica do PSDB de reposicionar o partido nacionalmente, mas também levanta dúvidas sobre o grau de comprometimento real de Leite com a candidatura, já que o governador tem evitado declarações mais incisivas sobre o assunto.
Enquanto isso, Leite segue focado na administração do Rio Grande do Sul, especialmente após as recentes tragédias climáticas que atingiram o estado. O silêncio do próprio pré-candidato e o cenário indefinido dentro do PSDB ainda mantêm sua possível candidatura em um estágio embrionário e dependente de maior consolidação.
Caiado na dianteira: antecipação pode ser trunfo estratégico
Ao anunciar sua pré-candidatura antes dos concorrentes e iniciar articulações em todo o país, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) assume um papel de protagonismo e liderança no cenário político nacional. Essa movimentação antecipada pode se tornar um trunfo estratégico, principalmente em um momento em que outros nomes cotados para a disputa ainda evitam declarações públicas ou preferem manter o foco nas administrações estaduais.
Com isso, Caiado ganha tempo para construir alianças, aumentar sua visibilidade fora de Goiás e consolidar sua imagem como opção viável para o eleitorado de centro-direita e direita democrática — órfão de um nome de consenso após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Ao ocupar esse vácuo, ele também pressiona os demais possíveis candidatos a se posicionarem e a entrarem no jogo com menos margem de manobra.
Contudo, sair na frente também exige cautela. A exposição antecipada aumenta o nível de cobrança, atrai críticas mais cedo e pode desgastar sua imagem caso a pré-campanha não mantenha ritmo e consistência. Ainda assim, Caiado parece apostar que o benefício de moldar o debate desde agora supera os riscos — e, ao lado de Rodrigo Manga, é um dos poucos que já se colocaram oficialmente no páreo de 2026.