Quando o ronco é um alerta: apneia do sono pode indicar riscos graves à saúde

18 de novembro de 2025 às 18:45

Distúrbio afeta milhares de brasileiros e está ligado a doenças cardíacas, metabólicas e até à demência

Cansaço constante, irritabilidade, dores de cabeça e sonolência durante o dia são queixas cada vez mais comuns. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem com algum tipo de distúrbio do sono. Entre os mais comuns está a apneia, condição caracterizada por interrupções repetidas na respiração durante o descanso. O problema, muitas vezes confundido com o simples ato de roncar, é um sinal de alerta que pode comprometer seriamente a saúde.

Durante os episódios de apneia, a passagem de ar pelas vias respiratórias é bloqueada total ou parcialmente, o que provoca microdespertares ao longo da noite e reduz a oxigenação do sangue. A consequência é um sono fragmentado e de baixa qualidade, que interfere diretamente no funcionamento do organismo.

Um estudo recente, publicado na revista Neurology, revelou que a queda nos níveis de oxigênio no cérebro, provocada pela apneia, pode afetar áreas essenciais da memória e está associada até a riscos de demência. Além disso, o distúrbio tem relação direta com problemas cardiovasculares e metabólicos, como hipertensão e diabetes.

Para o médico otorrino Dr. André Siqueira da TOTUM Saúde, o diagnóstico médico e o tratamento precoce fazem toda a diferença. “Muita gente convive com o ronco sem imaginar que ele pode esconder algo mais sério e, por isso, não procura ajuda especializada. Uma negligência que pode permitir o agravamento do problema e de suas consequências. A orientação é procurar acompanhamento médico ao primeiro sinal de distúrbio no sono”, explicou.

O diagnóstico é feito por meio da polissonografia, exame que monitora os parâmetros fisiológicos durante o sono e ajuda a identificar a gravidade do problema. Entre as opções de tratamento estão o uso de dispositivos orais e o CPAP, aparelho que mantém as vias aéreas abertas durante a noite, além de mudanças no estilo de vida, como perda de peso, prática de atividade física regular e redução do consumo de álcool e tabaco. Em casos mais severos, pode haver indicação cirúrgica.

A boa notícia é que, com acompanhamento adequado, é possível recuperar a qualidade do sono e reduzir significativamente os riscos à saúde. “Dormir bem não é apenas uma questão de descanso, mas de prevenção. Tratar a apneia é investir em mais disposição, concentração e, principalmente, em longevidade”, conclui o médico.