Relembre a trajetória e carreira de sucesso de Maggie Smith, que faleceu hoje aos 89 anos

27 de setembro de 2024 às 22:41

Ganhadora de dois Oscars e um BAFTA, lenda do cinema e teatro Maggie Smith, morre aos 89 anos

O sucesso e a história das últimas décadas do cinema inglês se confundem facilmente com um nome, Maggie Smith. Conhecida por sua versatilidade, talento incomparável e presença cativante tanto nas telas quanto no teatro, Maggie coloca ponto final a uma carreira e legado na dramaturgia ao falecer aos 89 anos.

Nascida em 28 de dezembro de 1934, Margaret Natalie Smith construiu uma carreira de mais de sete décadas, conquistando dois Oscars, quatro Emmys e um BAFTA Fellowship, a mais alta honra do cinema britânico. Sua habilidade em equilibrar papeis cômicos e dramáticos lhe rendeu o reconhecimento de críticos e fãs em todo o mundo.

Os papeis icônicos e os menos conhecidos

Para muitos, Maggie Smith será sempre lembrada como a rígida, porém adorável, professora Minerva McGonagall na franquia Harry Potter ou até mesmo pela sua interpretação marcante de Violet Crawley, a Condessa de Grantham, na série de sucesso Downton Abbey da ITV. Esses papeis, de fato, a imortalizaram no coração de milhões de pessoas.

No entanto, Maggie Smith também brilhou em produções menos comerciais, mas igualmente marcantes. Em Uma Janela para o Amor (A Room with a View, 1985), dirigida por James Ivory, ela ofereceu uma performance delicada e comovente como Charlotte Bartlett, uma mulher presa pelas convenções sociais, em um papel que lhe rendeu uma indicação ao Oscar e fez Hollywood olhar para sua carreira com mais interesse. Logo no ano seguinte, ela emplacou Paixão Solitária (The Lonely Passion of Judith Hearne, 1987), um mergulho profundo em uma interpretação crua e dolorosa de uma mulher religiosa e solitária em busca de conexão humana. Sua atuação foi amplamente aclamada pela crítica, embora o filme seja até hoje menos conhecido do grande público.

Outro filme que marcou a carreira da atriz é O Violinista que Veio do Mar (The String). Lançado em 2004, o filme conta a história de uma mulher idosa (interpretada pela própria) e sua relação com um jovem violinista que traz mudanças inesperadas à sua vida. O filme se tornou um clássico desconhecido, daqueles que de ora em ora, é descoberto por um cinéfilo curioso ou por um sortudo que passeia pela programação televisiva.

Uma carreira no teatro multifacetada e premiada

Ao longo de sua carreira, Smith foi uma presença constante nos palcos britânicos. Sua atuação em peças como Hedda Gabler e A Importância de Ser Prudente a consagraram como uma das grandes damas do teatro inglês. No cinema, além dos papéis mencionados anteriormente, sua vasta filmografia inclui obras como The Prime of Miss Jean Brodie (1969), que lhe rendeu seu primeiro Oscar, e California Suite (1978), pelo qual ganhou sua segunda estatueta da Academia.

No teatro, sua trajetória começou no Oxford Playhouse e logo ela se destacou em produções do National Theatre, sob a direção de Laurence Olivier. Ao longo de sua carreira, brilhou em peças clássicas como Hedda Gabler e A Importância de Ser Prudente, além de conquistar prêmios por suas atuações em Private Lives e The Lady in the Van. Com uma presença magnética e versatilidade impressionante, Maggie Smith solidificou sua reputação como uma atriz de referência tanto no teatro quanto no cinema, figurando na mesma prateleira de atrizes, que apesar de não serem contemporâneas, marcaram o cinema mundial como Meryl Streep, Katherine Hepburn, Julie Andrews e Grace Kelly.

O sucesso na saga Harry Potter

A atriz fez muito sucesso como a bruxa e professora Minerva McGonagall, entrando para o imaginário de muitas gerações que cresceram acompanhando a saga vivida em Hogwarts. Sua interpretação rígida, porém carismática, como a diretora da Grifinória ficou marcada por frases icônicas ao longo da saga. Entre seus momentos mais memoráveis está o confronto com Dolores Umbridge em A Ordem da Fênix, quando afirmou, com a habitual firmeza: “Nunca estive ausente um único dia em meus deveres”.

Em As Relíquias da Morte: Parte 2, ela protagoniza uma das cenas mais aplaudidas, ao conjurar o feitiço Piertotum Locomotor para defender Hogwarts e exclamar com uma ponta de humor: “Sempre quis usar esse feitiço!”. Smith trouxe à personagem um equilíbrio perfeito entre autoridade e afeto, tornando McGonagall uma figura essencial na saga e eternizando sua presença na memória dos fãs.

Dois Oscars e uma história inesquecível

Maggie Smith foi indicada a seis Oscars e diversos outros prêmios ao longo de sua carreira. Ao receber sua primeira estatueta da Academia do Oscar, Maggie Smith enviou uma mensagem de agradecimento por meio de sua amiga Alice Ghostley, que a representou e aceitou o prêmio em seu nome. Naquela noite, um locutor explicou ao público que Maggie não pôde comparecer à cerimônia porque estava contratualmente envolvida na produção da peça Beaux Stratagem no National Theatre, em Londres, ao lado de seu marido Robert Stephens. No entanto, em abril daquele ano, Maggie voou para Nova York por apenas um dia para apresentar um prêmio especial do Tony a Alfred Lunt e Lynn Fontanne. Durante essa cerimônia, Lauren Bacall entregou a Maggie seu Oscar, em um momento inesperado e emocionante.

Entretanto, ela pode receber o prêmio pessoalmente ao ganhar seu segundo Oscar em 1979, quando concorria a melhor atriz coadjuvante por California Suite ao lado de atrizes renomadas como Meryl Streep e Penelope Milford. Em seu discurso emocionado, Maggie Smith fez questão de agradecer o diretor de California Suite, Hebert Ross, e seu companheiro de cena, o lendário e também inglês Michael Caine.

A atriz britânica estava em produção com o roteirista e dramaturgo Christopher Hampton, conhecido por seu Oscar em Ligações Perigosas e indicação por Desejo e Reparação. Hampton escreveu a adaptação cinematográfica de sua peça solo A German Life, baseada na vida de Brunhilde Pomsel, ex-secretária do nazista Joseph Goebbels. Maggie estava escalada para reprisar o papel que interpretou com grande aclamação no The Bridge Theatre, no West End de Londres, sob a direção de Jonathan Kent, que faria sua estreia em longas-metragens. A peça estava prevista para ir à Broadway, mas foi interrompida pela pandemia de COVID-19, deixando inúmeros fãs frustrados por não poderem ver a genial atriz britânica nos palcos.

A morte de Maggie Smith marca o fim de uma era no cinema e no teatro britânico. Sua presença continuará viva através de suas inúmeras atuações inesquecíveis, que ainda tocarão novas gerações de espectadores.

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